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Um Bangue-Bangue de Palavras: Descaracterizando Bendis

Esta semana acabei de ler a fase de Brian Michael Bendis em Os Vingadores. Foram quase dez anos à frente dos Maiores Heróis da Terra, uma run que começou polêmica – a Queda dos Vingadores – e morte de alguns dos seus mais queridos personagens, como o Visão e o Gavião Arqueiro. A fase terminou com a megassaga Vingadores versus X-Men. A última equipe é a nova casa de Bendis na Marvel. À despeito de suas grandes maquinações para revolucionar a Casa das Ideias, suas sequências bombásticas, suas experimentações narrativas e seus diálogos velozes, Bendis, um dos grandes representantes dos roteiristas de super-heróis do início do século XXI não sabe escrever uma revista de grupo. Mas cooomooo? Você diz, afirmando que ele revolucionou os Vingadores e que eles só são um sucesso no cinema por causa do que o Sr. Careca de Cleveland fez com eles. Sim, realmente ele tem esse mérito de transformar os Vingadores numa Liga da Justiça da Marvel, unindo os seus heróis mais populares numa equipe onde deveriam estar os mais …

De novo a identificação…

Dando continuidade às polêmicas da identificação e da mitologia dos personagens, destaco uma passagem de  “O Quarto Fechado”, último conto da Trilogia de Nova York, de Paul Auster. “Todos queremos ouvir histórias e as ouvimos do mesmo modo que fazíamos quando éramos pequenos. Imaginamos a história verdadeira por dentro das palavras e, para fazê-lo, tomamos o lugar do personagem da história, fingindo que podemos compreendê-lo porque compreendemos a nós mesmos. Isso é um embuste. Existimos para nós mesmos, talvez, e às vezes chegamos até a ter um vislumbre de quem somos realmente, mas no final nunca conseguimos ter certeza e, à medida que nossas vidas se desenrolam, tornamo-nos cada vez mais opacos para nós mesmos, cada vez mais conscientes de nossa própria incoerência. Ninguém pode cruzar a fronteira que separa uma pessoa da outra – pela simples razão de que ninguém pode ter acesso a si mesmo”.

A mitologia dos super-heróis

Os quadrinhos de super-heróis, assim como outras obras de arte, provocam reações de identificação com o leitor: podem desvendar de forma vicariante, com seu efeito catártico, os dramas psicológicos e os mitos universais do homem. Por sua facilidade de leitura e de ingresso na trama, seus atributos se mostram como uma oferta à intimidade, proporcionando elaborações de fantasias acompanhadas de sensações de bem estar, ou mesmo de desconforto, provocando empatia no seu público-leitor. “Na plenitude de sua função expressiva e catártica, a obra criada se impõe como objeto bom, revalorizador do ego, para o agente da criação e para o espectador. Para o agente, porque vivencia a obra como um complemento do próprio ser, que o ajuda, através do artifício da projeção, a configura e a corrigir a representação que faz de sua auto-imagem e a ampliar a compreensão de sentido de sua existência. Para o espectador, mediante a função especular e as conseqüentes oportunidades de identificação projetiva inerentes a toda produção conceitual ou artística, e mais precisamente porque lhe proporciona uma experiência no intemporal. …

O inverso dos arquétipos na Santa Ceia Perpétua!

Projeção e Identificação

Os quadrinhos promovem um sistema de identificação e projeção nos leitores. Com a revista do Homem-Aranha nas mãos o nerd médio se identifica com Peter Parker e projeta em sua imaginação ter a coragem e os poderes do Homem-Aranha. Ou será que acontece um processo inverso? O nerd se identifica com a ausência de poderes e coragem e projeta a vida do comum Parker, buscando um dia ser fotógrafo como ele ou jornalista como Clark Kent?. São as semelhanças ou as diferenças que nos atraem? Essa questão vem norteando os relacionamentos humanos durante os tempos. Nunca chegou-se a uma conclusão. Mas os estudos mostram que uma das grandes razões de sucesso das narrativas heróicas é a utilização de arquétipos. Nos quadrinhos podemos encontrar vários deles. Já vimos aqui que em vários quadrinhos, o que faz a grande diferença, o grande big-bang no cérebro é o desconcerto que certas cenas nos oferecem. São as obras quebrando nossas projeções e identificações. Quando o leitor de quadrinhos cresce, ele não está mais preocupado em querer ser o Homem-Aranha, …