Mês: outubro 2018

Melhores e Piores Leituras de Outubro de 2018

Olá mergulhadores! Vocês se lembram daquele videogame e daquele quadrinho em que o Superman usa seus poderes para estabelecer uma ditadura tirânica sobre o planeta Terra e o Batman e aliados tentam derrubar o déspota? Pois é, se lembrem dessa história. Querem saber o motivo? Hum… É que tem o review do volume final de Injustiça: Deuses Entre Nós esse mês (e o começo de outra leva de Injustiça… cof… cof…). Este mês temos 32 mini reviews para todos os gostos. De tirinhas a livros teóricos, de super-heróis a autobiografias em quadrinhos. Trinta e dois ao todo, quatro mais ou menos e cinco ruins, o resto tudo bão. Aproveite enquanto ainda podem ler minhas resenhas. Tomorrow never knows.

Os Campeões Discutem o Problema do Armamentismo e dos Tiroteios em Escolas

Este mês, na edição Champions #24, escrita por Jim Zub e desenhada por Sean Izaakse, a Academia de Visões do Brooklyn, onde estuda Miles Morales, o novo Homem-Aranha é atacada por um homem portando armas e disparando para todos os lados. Muitos alunos são vítimas fatais e outras vítimas acabam hospitalizadas, inclusive um grande amigo de Miles. Mas qual é o papel de um super-herói e das pessoas normais frente a tantas ameaças como o fim da segurança e da liberdade por pessoas que podem portar armas e dispará-las dentro de um sistema legal? É isso que esse quadrinho discute e hoje eu também quero discutir com vocês.

O Chama do Remorso, Alan Moore e os Filmes de Super-Heróis

Faz tempo que o grande escritor de quadrinhos, Alan Moore, vem difamando os super-heróis, bem como os filmes derivados delas. O autor de Watchmen, Monstro do Pântano, A Liga Extraordinária e tantos outros quadrinhos de sucesso, ainda se ressente do tratamento que a indústria de quadrinhos de super-heróis americana tratou os direitos autorais de suas criações, de forma que ele poderia estar ganhando muito mais royalties com seus trabalhos. Assim, ele começou a falar mal dos super-heróis que trabalhou por muito tempo, dizendo, entre outras coisas, que eles são “a catástrofe do século XX”. Em seu último trabalho em quadrinhos, Cinema Purgatório, Moore dispara novamente sua metralhadora contra os filmes de super-heróis. Ou ele estaria disparando contra si mesmo? Comentamos tudo isso, a seguir.

Guia de Leitura dos Encadernados dos X-Men

A Panini Comics tem lançado mais encadernados dos X-Men, a exemplo da saga Inferno. Mas alguém se importou em fazer um Guia de Leitura para você, como é feito com a série Hellblazer do selo Vertigo. Não, claro que não. A Panini Comics historicamente maltrata os X-Men. Muitos amigos têm me pedido um guia para saber como ler esses encadernados na ordem. Bem, então atendendo a esses pedidos, preparei aqui esta enorme lista de encadernados. Afivelem seu cinto no Pássaro Negro e se preparem para a decolagem!

(Poucos) Destaques do Checklist Mythos Editora Para Outubro de 2018

Olá mergulhadores! Chegou a hora da mitificação! Vocês vão ficar sabendo das novidades e destaques do checklist da Editora Mythos para este mês de outubro de 2018.  Embora sejam poucas as novidades, vão agradar em cheio aos fãs de Hellboy e do universo de Mike Mignola, bem como aos fãs da 2000 a.d. e do Juiz Dredd. Sem mais delongas vamos aos destaques do mês.

(Muitos) Destaques do Checklist Marvel / Panini Comics Para Outubro de 2018

Olá megulhadores! Ainda estão todos vivos? Porque estão matando gente por aí que não concorda com as suas ideias. Já pensou se decenauta matasse marvete porque gosta de outra editora? Tempos sombrios em que estamos vivendo, não é mesmo? De déspotas esclarecidos, e de populações mal-esclarecidas. Temos que pensar nas coisas boas, mas não baixar a cabeça para fascista. Agora vamos falar de coisa boa. Que não é tecpix nem toptherm, mas um checklist cheio de novidades da Marvel.

A Melhor Adaptação de Um Texto Literário Para História em Quadrinhos

Existem muitas adaptações literárias para os quadrinhos, principalmente no Brasil, onde aconteceu uma profusão desse material. As editoras de quadrinhos viram no PNBE uma mina de ouro para conseguir dinheiro através de adaptações literárias em quadrinhos. Assim, enormes atrocidades foram produzidas e, ao invés de valorizar publicações originais, pasteuriza-se mais do mesmo, apenas pelo dinheiro governamental. Por isso, para mim, adaptações literárias em quadrinhos eram sinônimo de baixa qualidade. Mas me enganei. Existem sim, adaptações de grande qualidade, que só adicionam à história e trabalham bem a linguagem dos quadrinhos. É o caso de Cidade de Vidro, uma adaptação em quadrinhos de Paul Karasik e David Mazzucchelli, de um conto de Paul Auster. Essa é, na minha opinião, a melhor adaptação de um texto literário para histórias em quadrinhos. Neste post você vai saber a razão.

A primeira vez que li Cidade de Vidro, foi emprestada de um amigo que é muito fã de Paul Auster e que, depois de eu ter lido a HQ, ele me emprestou o livro A Trilogia de Nova York, que é considerada a obra-prima de Paul Auster. Cidade de Vidro é o primeiro conto da Trilogia. Todos os contos lidam com identidade, criação (de si e da identidade por si mesmo ou por outros), metalinguagem e a própria linguagem. Paul Auster não é um autor fácil de ser lido, por isso, também não é um autor fácil de ser adaptado para uma mídia que lida com o visual, seja ela qual for. Por isso, uma tarefa hercúlea como essa não poderia cair nas mãos de novatos fazendo adaptações simplórias para uma editora ganhar dinheiro.

Os artífices de Cidade de Vidro, Paul Karasik e David Mazzucchelli conhecem profundamente o potencial da linguagem dos quadrinhos. Mazzucchelli é grande conhecido dos leitores de quadrinhos por suas associações com Frank Miller em Demolidor: A Queda de Murdock e Batman: Ano Um. Ele também é responsável pela prodigiosa feitura de Asterios Polyp, uma graphic novel que faz uma bela utilização e homenagem à todos os recursos disponíveis na linguagem dos quadrinhos. Já Karasik vem do estudo dos quadrinhos, onde passou as décadas de 80 e 90 na academia. Nos anos 2000, ele produziu alguns quadrinhos inéditos no Brasil com teor autobiográfico.

De longe a adaptação de Cidade de Vidro é que mais usa e abusa dos recursos gráficos e narrativos de uma história em quadrinhos para ampliar o sentido da leitura de uma escrita literária. As partes onde David Quinn/Paul Auster percorre os quarteirões de Nova York atrás de um sentido nas perambulações do homem que investiga, além de darem um sentido maior para os rabiscos apresentados no livro original (que é bastante ilustrado), também os mesclam com outros ícones simbólicos como uma digital e um labirinto, os dois aludindo a identidade.

A busca pela identidade e a liberdade que ela provoca é a base desta história e, portanto um quadrinho em que é trabalhado um grid de nove quadros dentro de uma dimensão relativamente pequena para eles, também acaba gerando a sensação de sufocamento no leitor. Essa mesma sensação que os Peters Stillman e o detetive David Quinn/Paul Auster sentem. Essa permissão alegórica que Mazzucchelli se dá, para interpretar as passagens do conto com símbolos, ícones, metáforas visuais e outras alusões, ajudam a interpretar o quadrinho de outra forma e também a adicionar outras camadas de sentido na leitura do conto a partir dos quadrinhos, não um simples desenho da descrição do escritor. Claro, o texto de Auster também é um texto que permite o leitor “se perder” em alusões e significados.

De longe também, toda a Trilogia de Nova York, obra-prima de Paul Auster, não são narrativas de fácil transcrição para a linguagem gráfica, então essa é outra razão para reverenciar o trabalho de Karasik e Mazzucchelli com Cidade de Vidro, principalmente a iconicidade e a metalinguagem da história. Por várias vezes, dentro dos textos dos trabalhos de Trilogia de Nova York, Auster faz malabarismos com a linguagem escrita. Nada mais justo que esses malabarismos fossem trazidos para o visual, para a linguagem visual e a linguagem própria dos quadrinhos quando adaptada para uma linguagem sequencial. Linda Hutcheon, em seu livro A Teoria da Adaptação explicou essa articulação da seguinte forma:

“Quando Paul Karasik e David Mazzucchelli adaptaram uma novela de Paul Auster, que era complexa tanto verbal quanto narrativamente, A Cidade de Vidro (1985) em uma graphic novel (2004), eles tiveram de traduzir a história naquilo que Art Spiegelman chama de “a ur-linguagem dos quadrinhos”- “um restrito e regular grid de painéis” com “o grid como uma janela, uma porta de cela, uma quadra da cidade, um jogo de amarelinha; o grid como um metrônomo dando a medida das mudanças e ajustes da narrativa”. Como todas convenções formais, o grid proíbe e permite; ele ao mesmo tempo limita e abre possibilidades”. (HUTCHEON, 2006, p. 35)

Existe um tema caro em Cidade de Vidro, mas que permeia toda a obra de Auster e, por que não, a de Mazzucchelli e Karasik também, que é o tema da autoria. Mas nesse caso, a palavra autoria assume um sentido bem maior. Ela dá conta de paternidade e de criação. Afinal, a obsessão dos Peters Stillman tinham a ver com isso. O pai Stillman era obcecado com Deus, o pai de todos e o filho Stillman, com o pai, que o manteve enclausurado por oito anos para comprovar um experimento. Na verdade, Cidade de Vidro nos faz uma pergunta: “Quem somos sem nossos criadores?”. E isso vale para o ficcional como para o real. Até onde nossa identidade é construída por aqueles que nos veem e nos encaminham – ou não – e até onde ela é nossa mesmo? Até onde as histórias que contamos sobre nós mesmos e sobre os outros influenciam naquilo que somos, na nossa identidade? Para isso, Auster tem uma citação, em outro conto da Trilogia, que diz o seguinte:

“Todos queremos ouvir histórias e as ouvimos do mesmo modo que fazíamos quando éramos pequenos. Imaginamos a história verdadeira por dentro das palavras e, para fazê-lo, tomamos o lugar do personagem da história, fingindo que podemos compreendê-lo porque compreendemos a nós mesmos. Isso é um embuste. Existimos para nós mesmos, talvez, e às vezes chegamos até a ter um vislumbre de quem somos realmente, mas no final nunca conseguimos ter certeza e, à medida que nossas vidas se desenrolam, tornamo-nos cada vez mais opacos para nós mesmos, cada vez mais conscientes de nossa própria incoerência. Ninguém pode cruzar a fronteira que separa uma pessoa da outra – pela simples razão de que ninguém pode ter acesso a si mesmo”. (AUSTER, 2008, p. 132)
Em Cidade de Vidro, o escritor David Quinn toma o nome Paul Auster daquele que ele acredita ser um detetive, mas ele é só mais outro escritor. Temos aqui um roubo de identidade e, ao final da história, Quinn já não sabe mais quem ele é. Como Auster diz, precisamos do outro para saber quem somos nós mesmos. Não temos acesso a nós mesmos para definir nossas fronteiras de “ser”. Precisamos do outro para saber onde acaba o eu e onde começa o tu. Ao mesmo tempo em que o leitor borra essas fronteiras ao se tornar o personagem, o autor borra as mesmas ao se tornar o personagem. Então o leitor é um pouco do autor.

Logo, se o leitor é um pouco do autor ao tomar o lugar do personagem, os autores de uma adaptação tomam o lugar do autor original, ao pegar a sua criação para adaptação. É como se o pai adotivo encaminhasse a criança do pai biológico e a transformasse em uma outra coisa que seria se estivesse ao lado do original. Esse é apenas parte de um dos aspectos metalinguísticos dessa adaptação e desse conto que, se parássemos para analisar todos esses aspectos, esse texto se tornaria longo demais. Mas vale adicionar a metáfora do vidro, da tal cidade de vidro. Ele é transparente e podemos ver um ao outro através dele, mas ainda é uma barreira que impede e deforma nossa visão dependendo da nossa perspectiva. Talvez nossa identidade seja isso: uma camada de vidro que nos separa dos outros, ao mesmo tempo nos faz ser vistos e permite uma “reflexão” que faz com que nos assemelhamos aos demais.

É uma pena essa HQ estar fora de catálogo há muito tempo, desde que foi lançada pela primeira e única vez em maio de 1998 pela Via Lettera. Uma pena também que a edição que eu compre no sebo, para minha segunda leitura, continha várias duplas de páginas em branco, já que o valor investido nela não foi pouco. Fica um apelo às boas editoras para trazerem novamente esse incrível material para o Brasil.

Destaques do Checklist DC Comics / Panini Comics Para Outubro de 2018

Olá mergulhadores! Chegamos chegando com mais um destaque dos checklists das revistas da DC Comics publicadas pela Panini Comics. Esse mês de outubro está complicado na realidade com a ascensão do ódio. Não estou falando do evento Metal da DC Comics, em que versões distorcidas do Batman invadem nossa realidade. Estou falando das eleições, em que versões distorcidas de notícias, de pesquisas, de opiniões estão invadindo o coração e mente das pessoas e as guiando através do caminho do ódio. Como se fosse uma realidade alternativa negativa, mas que está acontecendo na frente dos nossos olhos, com pessoas sendo mortas e linchadas por terem opiniões conflituosas. Nenhum super-herói da Marvel e nem da DC Comics aprovaria ou compactuaria com isso. Mas vamos falar de coisa boa, que o Brasil já está cheio de coisas e coisos ruins! Confira os destaques do checklist!

Conheça a Wonder Comics, a Linha de Personagens Jovens da DC Comics, Capitaneada Por Brian M. Bendis

Na New York Comic Con de 2018, a DC Comics apresentou o novo projeto de Brian Michael Bendis na editora, a linha Wonder Comics, dedicada ao universo jovem dos seus personagens. Bendis, na verdade, só vai escrever o título da Justiça Jovem, que será o principal da linha. Enquanto isso, os demais títulos serão desenhados e escritos por equipes criativas escolhidas e coordenadas pelo escritor careca de Cleveland, que também está no comando da linha de títulos da família do Superman e vem provocando grandes mudanças por lá. Neste post vamos falar um pouco do histórico das revistas revitalizadas e criadas especialmente para a linha Wonder Comics. Coloque sua capa, seus tênis, masque seu chiclete e coloque os fones nos ouvidos porque vamos sentir o espírito jovem!

Quem Vai Ensinar Humanidade Para os Humanos? O Apelo do Visão de Tom King e Gabriel Hernandez Walta

Este mês saiu a conclusão da série do Visão por Tom King e Gabriel Hernandez Walta no Brasil. Foram 12 edições lá fora e dois encadernados de capa dura por aqui. A série lida, mais uma vez, com o sintozóide Visão tentando empreender e promover mais humanidade em sua vida. Dessa vez, ele cria uma família para si, com uma mulher, dois filhos e um cachorro sintozoides, que são robôs sintéticos, quase humanos. Para isso, e para serem aceitos, ele vão morar num subúrbio humano, como uma família estadunidense comum. Mas logo começam os problemas, ecoando a dificuldade humana para entender o que é ligeiramente diferente de si, como um robô, mas mesmo aqueles que, por enquanto – na visão da sociedade – são considerados humanos. Neste post vamos falar mais sobre essa incrível série, ganhadora de inúmeros prêmios, que eleva o gênero de super-heróis em quadrinhos a outro patamar.

[SFW] 10 Hot Male Cosplayers Para Seguir No Instagram

Faz um bom tempo que não damos uma atenção para os posts mais “hot” aqui do Splash Pages.Para corrigir esse erro, dessa vez não vamos trazer heróis desenhados de uma forma sexy, mas homens que se vestem de super-heróis. Eles são cosplayers profissionais, ou seja, ganham a vida se vestindo de personagens em eventos do gênero. Por isso, é importante para eles que divulguem seus trabalhos e, nada melhor que uma conta no Instagram, uma rede social que privilegia a dimensão da imagem, para isso. Separamos aqui alguns dos melhores trabalhos de composição de personagens e de corpitcho dos cosplayers, claro, que ninguém é de ferro. Nem fazendo um cosplay do Colossus! Vamos a eles!

Seriam os X-Men Uma Cópia da Patrulha do Destino?

Pensem bem: os X-Men são uma equipe de desajustados, esquisitos, que todo mundo odeia, cujo líder é uma mente magnífica encerrada em uma cadeira de rodas. A Patrulha do Destino é uma equipe de desajustados, esquisitos, que todo mundo odeia, cujo líder é uma mente magnífica encerrada em uma cadeira de rodas. Em seu livro “Pancadaria: O Conflito Épico Marvel vs. DC”, o autor Reed Rucker conta que sempre houve uma desconfiança por parte da DC Comics de que a Marvel havia a copiado no caso X-Men/Patrulha do Destino. Arnold Drake, o criador da Patrulha do Destino, morreu com a certeza de que Stan Lee havia plagiado-o. Mutação de idéias? Destino malfadado? Vamos comentar um pouco sobre essa possível cópia de ideias.

Melhores e Piores Leituras de Setembro de 2018

Neste mês que passou, mais conhecido como setembro de 2018, foi o mês em que estive na Bienal de Quadrinhos de Curitiba, participando de alguns painéis e do artist alley. Também aproveitei para ler bastante por lá, muita coisa que comprei e troquei lá mesmo. Mas eu ando reparando que estou me tornando um velho chato e que ninguém escapa disso. Nos outros anos, havia no máximo três quadrinhos ruins na seção de ruins, agora são no mínimo quatro. Ou sou eu ou os quadrinhos tão ficando piores. Sei lá. Bem, neste post temos quase quarenta minirresenhas do mês de setembro, dentre as quais sete são ruins. Leia por sua conta e risco e tire suas próprias conclusões.

A Importância da Dimensão Física na Leitura de um Quadrinho

A leitura do quadrinho na sua forma digital – seja através de aplicativos, de motion comics, de layout fixo ou dinâmico ou até mesmo em scans – tem aumentado e se popularizado. Existem muitos entusiastas do quadrinho digital, mas, por outro lado existem aqueles que não dispensam o toque no papel e o peso de uma revista nas mãos. Eu me considero um entusiasta do quadrinho físico. Sou old school e gosto de ler no papel, afinal, a maioria dos quadrinhos foram feitos para serem experienciados assim. Neste post vou falar um pouco sobre a materialidade e a fisicalidade dos quadrinhos e sua importância para a leitura dos mesmos.