Mês: março 2013

Clássicos Ilustrados, por George R. R. Martin

“(…)E então havia a Classics Illustrated. Talvez tenham sido as primeiras graphic novels: romances seminais da cultura ocidental (misturadas com alguns que eram, hum, menos seminais) adaptados para os quadrinhos. Não colecionei a Classics Illustrated com a mesma assiduidade que colecionava os títulos da Marvel e da DC, mas comprei alguns deles ao longo dos anos. Mais tarde, no colégio e na faculdade, eu iria ler muitos dos trabalhos originais nos quais os quadrinhos foram baseados, mas isso foi anos depois. Os funny books vieram primeiro. Um conto de duas cidades, A máquina do tempo, A guerra dos mundos,  Grandes Esperanças, Moby Dick, Ivanhoé, A Ilíada, O último dos moicanos, A casa das sete torres, Os  três mosqueteirios, As mil e uma noites, até mesmo Macbeth… Eu li primeiro como funny books. Muityo antes de ler uma palavra de Dickens, Wells, Melville, Dumas ou Shakespeare, me deparei com Sydney Carton, O Viajante do Tempo, Capitão Ahab, D’Artagnan e Lady MacBeth nas páginas de papelk-jornal e impressas em quatro cores. E embora (ainda) não tivesse lido …

Quadrinhos e Violência, por Mikal Gilmore

“(…) Orquídea Negra chega a uma conclusão redentora e imprevisível. Aliás, em 1988, quando a obra apareceu pela primeira vez nas lojas especializadas em quadrinhos, em três episódios, diversos leitores tiveram dificuldade em aceitar que o conto realmente terminara no ponto e da forma como se encerrou, e ficaram na espera por um quarto volume que o encerrasse em terreno mais familiar. Afinal, no mundo dos quadrinhos – assim como no do cinema, da literatura e da política internacional –, qualquer conto que começa com violência necessariamente deve terminar com violência (afinal, fora matar o oponente, são poucas as táticas que resolvem uma disputa com a mesma eficácia). Além disso, a violência tem ganhado certo prestígio estético nos quadrinhos. Há momentos em que parece que a mídia foi projetada para fazer convite à contemplação de atos brutais e conflitos físicos. Numa página de quadrinhos, você pode congelar um ato enquanto ele acontece ou mesmo antes de ele acontecer; pode estudá-lo em detalhe, sua lógica e sua arte, e ao fazê-lo talvez possa conjeturar quanto aos …

Sobre quadrinhos, por Antonio Altarriba

“Eu sempre fui um grande amante de histórias em quadrinhos. Tanto nos textos teóricos quanto em roteiros, defendi o potencial narrativo desse meio culturalmente subestimado. Seu caráter misto, combinando elementos plásticos e literários, reunindo expressividade gráfica ao diálogo teatral, conjugando o espaço da figuração e o tempo da narração em uma organização sequencial muito diferente daquela proposta pelos meios de expressão audiovisual, permite-lhe veicular todos os tipos de narrativas. Seu recurso à imagem oferece-lhe uma grande capacidade de representação, no sentido etimológico de “tornar presente”. Os quadros oferecem a possibilidade de uma reconstituição fiel dos cenários, dos costumes, dos objetos, das situações… Quando dispomos de documentação apropriada, os lugares do passado renascem com uma grande veracidade, animados pelos personagens que os habitam. Tudo isso deveria ser levado em consideração para abordar uma história em que a reconstituição das atmosferas é tão importante. Os personagens também adquirem uma presença particular na história em quadrinhos. Seus traços e sua fisionomia retornam, quadros após quadro, expressivos, dotados de uma vida própria. Sua consistência gráfica precede sua existência psicológica, …

As Eras dos Quadrinhos – Post Scriptum

Contrariando as previsões de Mark Millar, de que a indústria de comics teria um ritmo de crescimento menor na década de 2010 e também a despeito da crise econômica mundial que se abateu sobre os EUA e o mundo a partir de 2008, o mercado de quadrinhos vai muito bem, obrigado. Segundo dados do ICV2, entre 2003 e 2013, o crescimento foi de 96%. Isso se deve, em grande parte, para o grande destaque dos comics em outras mídias, seja em animações, séries de TV, filmes e até mesmo a internet. Em 2 de maio de 2008 estreava o filme do Homem de Ferro, o primeiro do Marvel Studios, que pretendia fazer nas telonas o que já era feito nos gibis: um universo interligado. A estratégia deu certo, e nos anos seguintes seriam lançados Thor, Capitão América – O Primeiro Vingador, além do segundo filme do latinha. Tudo isso para culminar em 2012 com um dos maiores fenômenos do cinema, The Avengers – Os Vingadores, reunindo todos estes personagens. O filme teve a maior abertura …