Não me lembro exatamente qual foi o ano, mas o certo é que não tínhamos muito contato com os heróis da DC Comics ainda quando achamos na casa da minha avó materna uma edição de Quadrinhos em Formatinho (2ª Série) # 25, que estrelava a Mulher-Maravilha. A revista provavelmente pertencera à minha tia e datava de 1979, portanto, 5 anos antes de eu nascer. Achamos incrível encontrar aquela revista lá. Além dela, encontramos uma agenda temática do Mauricio de Sousa, que provavelmente era da mesma época, com várias tiras da Turma da Mônica e uns personagens que eu nunca havia ouvido falar: Os Sousa. Hoje eles são republicados em edições de bolso pela L&PM.
Mas voltando à revista da Mulher-Maravilha que havíamos achado, ela parecia um pouco maior do que os gibis que costumávamos ler e também era mais fininha. Era de uma editora que nunca havíamos ouvido falar, a Editora Brasil-América, ou EBAL, como dizia o selo na capa. As letras dentro dos balões das histórias não eram feitas à mão como nos gibis da Turma ou da Editora Abril, elas eram letras de máquina e, mais estranho ainda, eram letras em maiúsculas e minúsculas. Pelo menos a revista era colorida (ufa!).
A capa mostrava a rainha Hipólita coroando uma nova Mulher-Maravilha, e Diana caída no chão. A história contava que uma amazona chamada Orana desafiava Diana para poder representar a Ilha Paraíso no Mundo do Patriarcado. Elas passam por desafios na terra, água, ar e fogo, quando finalmente Diana é derrotada, e Orana é coroada a nova Mulher-Maravilha. No final, Diana promete ficar de olho em Orana.
Coincidência ou não, um pouco depois de encontrarmos essa revista, nas páginas do gibi Shazam!(Editora Abril Jovem, 1996-1997) nos depararíamos com uma história parecida, dessa vez pelas mãos de William Messner-Loebs e Mike Deodato Jr.. Só que agora a nova Mulher-Maravilha não era Orana, mas Ártemis, pertencente a uma tribo exilada de amazonas. Diana, derrotada, prometeu novamente seguir Ártemis para que ela não cometesse nenhum erro.
A outra história que vinha na revista era da Turma Titã (mas nós nunca havíamos ouvido falar dos Novos Titãs). Tratava-se de um encontro entre os Titãs do Leste e os Titãs do Oeste, que primeiro se desentendiam e depois se uniam para derrotar o Capitão Calamidade. Por alguma razão nos lembrou das primeiras revistas dos X-Men que compramos, com muitos heróis reunidos. Mais tarde, em meados dos anos 2000, Geoff Johns iria trazer de volta essa ideia de uma equipe de Titãs para cada costa dos EUA, mas desta vez a equipe principal se baseava no Oeste, em São Francisco.
Essa revista, que se tornaria nossa primeira raridade, prova que na indústria dos quadrinhos de super-heróis as ideias são bastante e bastante e bastante reaproveitadas. Mas não é por isso que gostamos deles?
TO BE CONTINUED…