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O Homem de Gelo é gay! (E Isso Não é o Máximo?)

Sim! Foi na edição All New X-Men#40 que o fato foi revelado. Numa conversa franca, Jean invade a mente de Bobby – ela sempre faz isso – e o tira do armário. Segue-se uma longa conversa de seis páginas para entender a situação.

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Primeiro vale dizer: esse Bobby Drake não é o Homem de Gelo original, mas o Homem de Gelo que veio do passado e foi exposto ao nosso presente. O que não quer dizer que o Homem de Gelo do presente não seja. Jean diz que dizem que todos nascemos bissexuais. E é o que eu acho. Até já entrei em grandes conflitos e deixei de ser amigo de certas pessoas preconceituosas que teimavam em comparar orientação sexual com gostar de chocolate preto ou branco.

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Por outro lado, a invasão da mente de Bobby por parte de Jean Grey também não é um ato louvável. Cada pessoa deve estar preparada para fazer seu outing/sair do armário no seu tempo, e não ser forçada a admitir sua orientação. Eu, de certa maneira, fui confrontado com isso várias vezes e não, não é legal. Cada um sabe o momento certo em que se sinta seguro para afirmar quem é.

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Mas Brian Michael Bendis retrata direitinho a dúvida de Bobby Drake. Até porque o Homem de Gelo dos dias atuais é heterossexual, ou, como diz o próprio “não aguentou a pressão de ser gay e mutante ao mesmo tempo numa sociedade que não dá suporte a nenhum dos dois e optou pela opção mais fácil”.

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Vale lembrar que o Homem de Gelo sempre teve um pezinho na homossexualidade, como podemos lembrar na história Em Nome do Pai, em que o pai do Homem de Gelo, um odiador de mutantes culpa Bobby por todo ódio que já sofreu na vida. Também na fase Chuck Austen, o Estrela Polar arrastava uma asona pro lado de Bobby. Mas, talvez o fato que tenha acelerado essa escolha da editora e do roteirista foi a cena em que o Bobby do segundo filme dos X-Men, X2, se revela mutante para os pais: um perfeito paralelo com o ato de sair do armário.

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Fiquem com as páginas, retiradas deste blog aqui. Os desenhos são de Mahmud Asrar. E por favor, não despiroquem mais que uma drag queen causativa com pomba gira no corpo por causa dessa notícia. Personagens são personagens, não se esqueça. Não são Deuses, não são humanos e, como nos ensina a mitologia, Deuses e humanos são falhos.

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Haters poderão dizer que isso não se faz com um personagem, que o personagem devia ser gay desde o começo. Mas que pessoa se assume gay desde o começo um mundo como o de hoje? Primeiro, claro, ela vai experimentar não ser gay. porque ninguém quer ser “temido e odiado pelas pessoas que jurou proteger”. E que ótimo que um personagem grande, um membro fundador de uma equipe importante de super-heróis tenha esse posicionamento e que a homossexualidade não fique relegada a heróis classes B e C ou a vilões obscuros.

❤ ❤ ❤ BENDIS! ❤ ❤ ❤

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Guilherme “Smee” Sfredo Miorando nasceu em Erechim em 1984. É Mestre em Memória Social e Bens Culturais, onde pesquisa quadrinhos e sexualidades. É especialista em Imagem Publicitária e bacharel em Publicidade e Propaganda. Ministra aula de quadrinhos e trabalha com design editorial e roteiros. Já trabalhou em museus e com venda de livros e publicidade. É pesquisador associado do Cult de Cultura e da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial). Faz parte do conselho editorial da Não Editora. Co-roteirizou o premiado curta-metragem Todos os Balões vão Para o Céu. Seu livro de contos Vemos as Coisas como Somos foi selecionado pelo IEL-RS em 2012. A partir de 2014, publicou ao menos um quadrinho independente por ano. Loja de Conveniências, sua primeira narrativa longa foi lançada em 2014. Em 2015 participou da coletânea de HQs LGBT Boys Love. Em 2017 colaborou com o quadrinho A Liga dos Pampas de Jader Corrêa, que explora mitos gauchescos. Também lançou Desastres Ambulantes em parceria com Romi Carlos, um quadrinhos sobre segunda guerra mundial e OVNIs, que foi selecionado pelo edital estadual PROAC/SP. Em 2017, publicou Abandonados Pelos Deuses: Sigrid, com Thiago Krening e Cristian Santos e também Fratura Exposta: REDUX com Jader Corrêa. Também escreve os roteiros para os super-heróis portoalegrenses Super Tinga & Abelha-Girl. Mantém o blog sobre quadrinhos splashpages.wordpress.com há mais de 10 anos.

21 comentários

    • hahaha

      Uma infinidade de gays se denominam bissexuais por ser uma posição meio termo, querendo ou não, confortável em relação aos mitos e esteriótipos que assombram gays jovens. Um dia amadurecem e cai a ficha…

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  1. Achei muito legal colocarem um personagem central como gay. Eu sempre achei que ele (original) cederia aos encantos do Estrela Polar, acho que, na verdade, até ele mesmo quase cedeu, mas creio que não quiseram causar muita polêmica na época! É isso mesmo, acho que quase todo gay já passou por isso que o Bobby está passando, tudo tem a hora certa.

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  2. Tbm acho que a gente não deve encarar o fato de que a Jean vive lendo os pensamentos dos outros como um absurdo ”porque, nossa a Jean nunca faria isso”. Isso nunca foi algo absoluto sobre a “antiga” personagem. E a nova Jean está aprendendo a lidar com seus poderes, que até assumiram um formato totalmente novo, sem falar que seu grande guia moral, o Xavier, não está mais presente. Eu mesmo gostaria muito que a Emma influenciasse a nova Jean, de forma que ela se tornasse mais badass e menos puritana que a Jean tradicional.

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    • guilhermesmee diz

      Oi João. Acho legal isso da Jean. Poxa se eu fosse um telepata ia sair invadindo mente geral, hahaha! Aliás, deu uma camada a mais pra uma personagem que, sem a Fênix, era meio sem sal. Por isso que entre Jean e Emma eu fico com a Kitty! ❤ Abraços!

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  4. Todas pessoas são bissexuais? Durante a vida o meio social é que o faz ser hétero ou homo?

    A Jean concorda com isso? Ou seria o Bendis?

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    • guilhermesmee diz

      Eu acho que sim. A Jean e o Bendis concordam com isso. Não é o meio social que faz alguém sei homo ou hetero segundo estudos feitos com gêmeos. Também não é a genética. Apenas bênção de Deus, talvez, não? 😉

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    • Mesmo sabendo que você já sabe: seria o Bendis, claro, querendo fazer com que seus leitores virem umas bichas, assim como ele e uma minoria metida metendo o bedelho nos quadrinhos.

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