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5 Grandes Escritores de Quadrinhos e Seus Piores Momentos

Sabe aquela frase: “essa é a exceção que confirma a regra”? Bom, com os grandes escritores também funciona assim, pois existe também a frase “é errando que se aprende”. Então vamos ver os piores momentos de  cinco grandes escritores dos quadrinhos: Frank Miller, Garth Ennis, Grant Morrison, Warren Ellis e Mark Millar. 


Holy Shit, Batman!

Holy Shit, Batman!

Frank Miller – TERROR SAGRADO

Sabe quando dizem que um escritor está ficando gagá? Geralmente eu costumo achar esses adjetivos um tanto cruéis, mas no caso do Frank Miller, acho que cabe bem. Alguns artigos chegaram a considera-lo o “fascista dos quadrinhos”. Terror Sagrado é a concretização disso. Nessa HQ, Miller dissemina que o extermínio dos árabes é a solução para os conflitos do mundo. E  o pior: a ideia inicial era usar uma história dessas com o personagem do Batman. Agora Miller está encarregado de escrever a terceira parte de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Rezem para Alá para que ele não cometa nenhuma insensatez nessa HQ.


Mas que barbaridade!

Mas que barbaridade!

Grant Morrison – JOE, O BÁRBARO

Ah, você pensou que eu ia dizer Crise Final, né? Não, não, até que a Crise-Final-Que-Não-É-Final-Coisa-Nenhuma é legal. Vamos falar de Joe, o Bárbaro. A premissa é boa: um garoto doente que usa a imaginação para sair da realidade. Através da luta de seus brinquedos é usada a metáfora da sua luta contra a doença. Boa premissa, má execução. A história se torna rocambolesca demais, como é o caso das histórias do Morrison. O problema é que o embate realidade x fantasia já foi usado de formas muito melhores como no caso do sensacional O Reino dos Malditos, de Ian Edington e D’Israeli e em Eu Mato Gigantes, de Joe Kelli e J. M. Nakmura. Se não fosse a linda arte de Sean Gordon Murphy, seria um desperdício de papel.


ANALisando essa obsessão ANAL do Ennis...

ANALisando essa obsessão ANAL do Ennis…

Apenas uma Porcaria

Apenas uma Porcaria

Garth Ennis – APENAS UM PEREGRINO

Já falei como Ennis divide opiniões, mas, na maioria das vezes, as histórias dele fazem sentido ter todas as coisas escatológicas que ele coloca. Segundo meu amigo Samir, que odeia essa história, não passa de um cara perambulando pelo deserto, falando meia dúzia de palavrões e lutando contra um cu gigante. Bom, já sabemos de onde saiu essa merda toda, não é mesmo pessoal? Claro que foi da mente de Ennis!


Estranhos Beijinhos no ombro...

Estranhos Beijinhos no ombro…

Warren Ellis – ESTRANHO BEIJO

Acho que aqui o Ellis quis imitar Aliens, só que de uma forma muito mais escatológica e sexual – se é que isso é possível. Estranho Beijo é mais uma daquelas horríveis colaborações de Ellis com a editora Avatar, que publica qualquer cocô que ele concebe. Na história, os lagartos estão dominando o mundo, com direito a uma cena de um homem sentado no vaso cujos membros – e com membros quero dizer todos eles, inclusive seu bilau – são comidos pelos invasores. No fim, todo mundo está virando um lagartão gigante. Nice one, hein, Ellis?


Isso é por vocês lerem essa revista, seus leitores de merda!

Isso é por vocês lerem essa revista, seus leitores de merda!

Mark Millar – NÊMESIS

Bom, pra começar eu acho o Millar um escritor megaapelativo. Pega essas apelações do Ennis, do Morrison e do Ellis e põe ao cubo, o resultado é Mark Millar. Muita gente pode ter ficado de cara com ele no final de Procurado quando o personagem manda o leitor tomar no cu. Mas isso é pra leitor tomar mesmo e ver que nem tudo que tem o nome Millar é sinal de qualidade e sim, de cenas bombásticas. Esse último ítem é o recheio de Nêmesis: o Batman branco que na verdade é o Coringa e que luta contra uma espécie de Comissário Gordon fazendo Gato & Sapato com ele. Eu odiei tanto a HQ que já vendi ela em seguida que li.


Por isso, caríssimos, não desistam se xingarem a sua primeira HQ. Esses figurões dos quadrinhos, estabelecidos, já fizeram as suas porcarias, então por que você, mísero humano anônimo não poderia?

Obrigado ao amigo Sergio Vinicius por suscitar o tema do post.

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Guilherme “Smee” Sfredo Miorando nasceu em Erechim em 1984. É Mestre em Memória Social e Bens Culturais, onde pesquisa quadrinhos e sexualidades. É especialista em Imagem Publicitária e bacharel em Publicidade e Propaganda. Ministra aula de quadrinhos e trabalha com design editorial e roteiros. Já trabalhou em museus e com venda de livros e publicidade. É pesquisador associado do Cult de Cultura e da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial). Faz parte do conselho editorial da Não Editora. Co-roteirizou o premiado curta-metragem Todos os Balões vão Para o Céu. Seu livro de contos Vemos as Coisas como Somos foi selecionado pelo IEL-RS em 2012. A partir de 2014, publicou ao menos um quadrinho independente por ano. Loja de Conveniências, sua primeira narrativa longa foi lançada em 2014. Em 2015 participou da coletânea de HQs LGBT Boys Love. Em 2017 colaborou com o quadrinho A Liga dos Pampas de Jader Corrêa, que explora mitos gauchescos. Também lançou Desastres Ambulantes em parceria com Romi Carlos, um quadrinhos sobre segunda guerra mundial e OVNIs, que foi selecionado pelo edital estadual PROAC/SP. Em 2017, publicou Abandonados Pelos Deuses: Sigrid, com Thiago Krening e Cristian Santos e também Fratura Exposta: REDUX com Jader Corrêa. Também escreve os roteiros para os super-heróis portoalegrenses Super Tinga & Abelha-Girl. Mantém o blog sobre quadrinhos splashpages.wordpress.com há mais de 10 anos.

38 comentários

  1. Olha, Nemesis é uma obra-prima perto de Unfunnies. Uma desgraça tão grande, mas TÃO GRANDE, que ele hoje em dia nem põe na sua lista de trabalhos – não convém que hollywood veja aquilo nem de longe. Acho que a mulher dele teria largado o cara só pelo que leu ali — ela invadiu o banheiro e atirou as páginas contra ele, de tão enojada.

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  2. Nemesis não chega a ser tão ruim… É uma HQ que não pode ser levada a sério. Apenas violencia gratuita, sem uma história coerente.
    O que me incomodou um pouco foi a auto necessidade de ser polemica… Como no caso da relação dos irmãos.

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  3. Achei perfeita a lista. Nunca li essa HQ do Morrison, mas só li críticas. Mas confesso ter uma preguiça desses seus plots “tomei um ácido e agora você tem que entender o que quero dizer”.

    E Nêmesis é um trabalho quase amador. Aquele final em que o presidente americano do nada se revela ser fodão deu até raiva. Também me livrei da HQ assim que li.

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    • guilhermesmee diz

      É, Bernardo, mas algumas vezes o Momó até faz sentido, só que dessa vez não. Nêmesis é a nêmese dos leitores que vão além do raso. Abs!

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  4. zarpimpao diz

    Do Ennis eu citaria Jennifer Blood. Só uma oportunidade pra colocar todos os clichês do autor numa trama ridícula e manjada. só não me livrei logo depois de ler porque não sei quem vai querer essa porcaria.

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  5. Engraçado. Eu não me incomodei com a cena final do Procurado, porque combina com o discurso do personagem na última cena, mas a obra do Millar é muito “filmem minha história”. Tem horas que incomoda e não parece que estou lendo quadrinhos, mas sim um storyboard. Minha mulher viu a capa de Wanted e perguntou se aquela era a Halle Berry. O bom, talvez, é que hoje, se você for ler o Mark Millar, já sabe o que vai encontrar.

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      • guilhermesmee diz

        Kick-Ass não é tão ruim assim. Tem uns insights interessantes. Ainda não li o 3 pra opinar. Abs!

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      • Eu entendo que ele tenha piorado, mas hoje se eu for ler alguma cousa do Millar, já tenho a expectativa de que vai ter cenas ultraviolentas e uma premissa sensacional que não se sustenta. Mas não tem mais decepção. O Morrison também. É meu escritor favorito, mas não sabe finalizar suas histórias. Eu já sei disso e curto as histórias pra caramba, vem o final xoxo e tá maneiro, porque… é o Morrison. Isso é o que ele faz.

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      • guilhermesmee diz

        Ah, acho que o Morrison ainda vai nos surpreender muito. Já o Millar, que é cria dele e do Ennis, tenho muitas dúvidas, principalmente pelo ritmo que anda. Abs!

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  6. E o que dizer de Crossed, do Ennis com Jacen Burrows? Pelo pouco que vi/li (incluindo capas), eles ultrapassaram os limites a 200/300 por hora.
    Aliás, o Burrows desenhou uma hq muito escrota/viajante/sem graça que Alan Moore escreveu: The Courtyard, que devem ter chamado de O Pátio ou O Quintal.

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    • guilhermesmee diz

      Anderson, ainda não tive coragem de ler Crossed. TODO MUNDO FALA MAL! Quanto à HQ do Moore/Burrows foi publicada aqui junto com Neonomicon. Não achei tão terrível, mas também não achei nada de mais… Abs!

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  7. Gilberto Fonseca diz

    Guilherme, arrume a ilustração de Apenas um peregrino, colocaste a do Preacher. Aproveitando: discordo muito dos colegas que falam mal do Ennis, acho o que ele escreve muito divertido. Recomendo, inclusive, que leiam Preacher ou sua fase no Justiceiro, para mim, seus melhores momentos.

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    • guilhermesmee diz

      Eu também acho os melhores momentos dele, Gilberto! E curto muito! Inclusive falei muito bem dele quando resenhei o Crime e Castigo. Mas quando ele quer cair o nível, o nível cai abaixo de zero e não tem quem tire de lá. Vou colocar outra imagem, essa era apenas pra destacar a fase anal em que Ennis vive. Abraços!

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  8. TERROR SAGRADO — Não li, só acredito que é realmente tão ruim
    como 99% do mundo diz no dia que eu ler. Ou talvez eu seja uma das
    ultimas pessoas no mundo que goste muito do Frank Miller.

    JOE O BARBARO — Essa eu li quase toda na Vertigo mensal que eu cole-
    cionava, apesar de não conhecer as obras que são citadas, eu não achei grande coisa também. Fiquei bem decepcionado, é o tipo de coisa tão
    vaga que não lembro nem muito sobre.

    APENAS UM PEREGRINO — Quando o nome do Ennis foi mencionado, pensei que seria sei lá “A Pró”, ou Preacher (tem gente que detesta, eu sou fã). Pelo título, pensei que fosse algum devirado de Preacher que eu não tivesse lido. Pesquisei e fiz download, ainda vou ler.

    ESTRANHO BEIJO — Nunca ouvi falar. Não li nada dele pela Avatar, mas parece ter um chamado “Supergod” que deve ser interessante. Nunca vi nada demais no Ellis, até que li mês passado o Planetary dele, e apesar do final que não gostei muito, é um trabalho brilhante, ele tá “em alta” comigo.

    NÊMESIS — Essa ai eu tive uma sensação parecida com a tua. É uma coisa vaga, feita só para zombar mesmo. Embora eu goste muito, muito mesmo do trabalho do Mark Millar antes dele Pré-Kick-Ass.

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  10. Sobre Estranho Beijo o maior problema é que a trama ficou fora de contexto: é a primeira de uma sequência de minisséries, sempre em parceria com Mike Wolfer (que na verdade faz quase tudo e o Ellis assina). A personagem central da trama é o tal “Mago de Combate” William Gravel, um sujeito casca-grossa e amoral que é também um ex-integrante da SAS e ainda faz uns trampos para eles. A cada nova minissérie a coisa vai evoluindo e desemboca num título mensal chamado Gravel. Tá, não é nenhuma obra-prima da arte sequencial… mas passa longe de ser tão ruim assim. Tem coisa pior do Ellis na Avatar.

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