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Convergência x Secret Wars: Iguais em Estrutura, Diferentes em Qualidade

A essa altura do campeonato, você já deve ter notado que a estratégia usada para publicar os eventos de Convergência (DC Comics) e Secret Wars (Marvel) foram muito parecidas. Mas, infelizmente, apenas uma parece ter se dado bem e ter sido planejado para isso. Venha descobrir qual é.

Convergência foi um evento feito exclusivamente para que a DC Comics pudesse manobrar a sua mudança de Nova York para Burbank, na Califórnia. Também foi uma forma de fazer a transição da linha de publicação Os Novos 52 para DC & VOCÊ. A trama basicamente envolve a coleção, por parte do vilão Brainiac, de várias cidades ao redor dos planetas e das realidades. Assim, são capturados diversos momentos da cronologia da DC Comics. Como Brainiac acaba deixando as cidades em um mundo governado por seu assecla Tellos, o serviçal tem a ideia de fazer com que cada cidade se enfrentasse para saber qual delas sobreviverá a um cataclisma.

Secret Wars foi o segundo evento da Marvel Comics com esse nome. O primeiro ocorreu em 1984 e gerou uma linha de brinquedos. O segundo foi em 2015 e serviu para fazer uma limpa no Universo Marvel, bem como juntar o Universo 616 com o Universo Ultimate. Na história de Secret Wars, o Doutor Destino se tornou um deus de um mundo formado de retalhos de outras realidades, como por exemplo A Era do Apocalipse e o Planeta Hulk. Assim,  resta aos heróis remanescentes enfrentarem Destino para que o mundo (ou os mundos) voltem ao normal novamente.

Secret-Wars-1

Ambas as minisséries geraram diversos spin-offs, ou seja, minisséries que desenvolviam melhor como era a vida de nossos heróis nesses mundos remendados e caleidoscópicos. Enquanto as minisséries de Convergência enfocaram  e deram título para um tipo de herói, as de Secret Wars davam destaque para grandes sagas do Universo Marvel.

As minisséries de Convergência consistiram em lutas entre super-heróis de determinadas épocas e períodos da editora DC Comics. Por exemplo, o Aço do pré-Zero Hora enfrentava o Gen13 da Wildstorm. A Caçadora da Terra 2 enfrentava o Superman de Entre a Foice e o Martelo. A Mulher-Maravilha do Pré-Crise nas Infinitas Terras combatia o Batman vampiro da minissérie Chuva Rubra. Mas o plot das histórias era muito pobre. Com no primeiro número os heróis vivendo em seus status normal sob a redoma e logo são enfrentados por seus adversários. No segundo número, os heróis se enfrentam e só um sai vitorioso, com o perdedor tendo a sua cidade destruída. Um argumento bem mais simplório.

Os especiais de Secret Wars tratavam de mostrar as aventuras dos personagens que vivem nos reinos dominados pelo Doutor Destino dentro de seu Mundo Bélico. As histórias não possuem um plot definido, cada uma delas se adapta ao mundo em que está inserida, como por exemplo Dinastia M, Futuro Imperfeito, A Guerra das Armaduras, sagas clássicas da Marvel, e outras que desenvolvem novos cenários, como é o caso de Guardiões de Luganenhum e de Homem-Aranha: Renove Seus Votos.

Convergência Física e não Digital

Convergência Física e não Digital

Por causa de seus plots simplistas e simplórios, as minisséries de Convergência não conseguiram agradar aos fãs e nem mesmo aos fãs mais radicais da DC Comics. Já Secret Wars dividiu os fãs justamente pela multiplicidade de tipos de histórias. Algumas, como O Velho Logan foram aclamadas pelo público e pela crítica. Outras, entretanto, não lograram tanto êxito. O fato é que a minissérie principal de Convergência foi muito aquém do esperado e a minissérie principal de Secret Wars foi muito bem em vendas e críticas, tendo sido considerado um dos melhores eventos da Marvel dos últimos tempos.

Nunca faça uma Guerra Secreta num episódio de Gossip Girl

Nunca faça uma Guerra Secreta num episódio de Gossip Girl

Claro, que o sucesso e/ou o fracasso dos dois eventos também está apoiado na estrutura e nas minisséries correlatas. O irônico é ver que apesar de um mecanismo semelhante de vendas e marketing das duas megassagas, apenas uma soube fazer um megaevento de um jeito que agradasse boa parcela dos leitores e da crítica. E esse vencedor foi Secret Wars. Tanto é que hoje em dia, as Guerras Secretas ainda são comentadas pelos fãs. Já Convergência caiu no limbo do esquecimento.

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Guilherme “Smee” Sfredo Miorando nasceu em Erechim em 1984. É Mestre em Memória Social e Bens Culturais, onde pesquisa quadrinhos e sexualidades. É especialista em Imagem Publicitária e bacharel em Publicidade e Propaganda. Ministra aula de quadrinhos e trabalha com design editorial e roteiros. Já trabalhou em museus e com venda de livros e publicidade. É pesquisador associado do Cult de Cultura e da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial). Faz parte do conselho editorial da Não Editora. Co-roteirizou o premiado curta-metragem Todos os Balões vão Para o Céu. Seu livro de contos Vemos as Coisas como Somos foi selecionado pelo IEL-RS em 2012. A partir de 2014, publicou ao menos um quadrinho independente por ano. Loja de Conveniências, sua primeira narrativa longa foi lançada em 2014. Em 2015 participou da coletânea de HQs LGBT Boys Love. Em 2017 colaborou com o quadrinho A Liga dos Pampas de Jader Corrêa, que explora mitos gauchescos. Também lançou Desastres Ambulantes em parceria com Romi Carlos, um quadrinhos sobre segunda guerra mundial e OVNIs, que foi selecionado pelo edital estadual PROAC/SP. Em 2017, publicou Abandonados Pelos Deuses: Sigrid, com Thiago Krening e Cristian Santos e também Fratura Exposta: REDUX com Jader Corrêa. Também escreve os roteiros para os super-heróis portoalegrenses Super Tinga & Abelha-Girl. Mantém o blog sobre quadrinhos splashpages.wordpress.com há mais de 10 anos.

10 comentários

  1. A diferença básica é que o Secret Wars foi um evento que reorganizou o universo Marvel. Convergência acabou sendo mais uma trapaça da DC para reabrir o multiverso e não resolveu o problema e sim deixou abertas todas as realidades.

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  2. Lucas Eduardo diz

    Uma correção: Essa é a terceira Guerras Secretas que a Marvel fez, se não me engano nós anos 80 teve a segunda Guerras Secretas.

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  3. Problema é: Panini, é muito atrasada no marketing para com os leitores. Temos que ficar caçando às coisas, como você também, disse uma vez… Será que isso mudará? não sei.

    Outra coisa é o site deles de vendas online bem antigo e pouco funcional, para buscar material. Além de não aceitar boletos o que no meu ver, dificulta e afasta uma galera considerável, e potencial, aquela que vai a banca, e tem o dinheiro para comprar seu gibi mas esbarra, nessa burocracia de somente “Cartão de Crédito”. No meu caso: possuo cartão, mas minha dificuldade, ainda continua. Isso por quê, morro numa cidade minúscula no interior do RJ, com apenas duas bancas, uma na verdade, que ainda tem algo, quando aparece…

    Minha sorte é que sempre vou a capital, e tem bancas que você encontra tudo, tudo mesmo. Então mesmo com essas dificuldades, tento fazer o melhor, com o que tenho. Tenho certeza, Guilherme, que tem muita gente, nessa mesma situação que eu. Quadrinhos, são uma mídia incrível, mas precisamos facilitar o acesso, e olhar os “Out Center”.

    Igor,

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    • Guilherme Smee diz

      É verdade, igor! É complicado! Mas parece que a Panini deu uma melhorada no site deles. mas uma dica: faz que nem eu e compra com o Punch Comics. Adiciona ele no facebook(está como Punch Comics) e entra no site da loja. Ele dá geralmente 20% nos lançamentos. É bem bom! Abs!

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