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Irmão Poder, o Geek: O Super-Herói da Geração Hippie!

Ele é um manequim de loja vestido com roupas hippies que ganha vida e vai defender o “flower power” na fente do Congresso Americano e pedir o fim da Guerra no Vietnã. venha comigo e conheça a história do Irmão Poder, o Geek, o super-herói da geração hippie!

O Irmão Poder, o Geek foi criado em 1968 por Joe Simon, o cocriador do Capitão América  junto com Jack Kirby. Sua origem é de um manequim de uma alfaiataria que estava abandonado em uma lixeira, quando um bando de hippies, chapados e molhados pela chuva, colocam suas roupas sobre ele.  O tempo passa, o manequim é esquecido e, durante outra tempestade, um raio atinge um adaptador e o boneco ao mesmo tempo. Então, o personagem começa a convulsionar e ganha vida!  A conceitualização do Irmão Poder foi fortemente influenciada pela história do Frankenstein, de Mary Shelley, principalmente na parte em que acontece a reanimação pelo raio.

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As duas únicas revistas do Irmão Poder.

Joe Simon teria dito que queria criar uma espécie de “filósofo pária errante”, como um rival para o personagem de sucesso da Marvel Comics tinha criado, e se tornou uma figura de culto entre os estudantes universitários da época, o Surfista Prateado. De acordo com Scott Shaw, artista de quadrinhos e historiador, originalmente o Irmão Poder, o Geek iria ser chamado de “The Freak”, mas a DC Comics pensou que as conotações relacionadas com drogas seriam negativas sob as diretrizes rígidas da Comics Code Authority.

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Freak show!

Depois de sua estreia, o Irmão Poder é raptado por um Circo de Aberrações chamado O Circo Psicodélico (!) e quando foge, ao ajudar uma garota, logo se torna líder de uma manifestação de hippies ao ganhar um button “flower power”. Irmão Poder virou o herói da Geração Hippie, conduzindo a revolução até ao lado do Congresso Americano para pedir o fim da Guerra no Vietnã. Mas seus planos são frustrados pelos donos de circo e um maldito grupo de motociclistas. Assim, o Irmão Poder se torna novamente um anti-herói que é mal entendido e está em fuga.

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O quadrinho não era exatamente popular naquela época, tendo durado pouquíssimas duas edições, mas se tornou cult depois de um tempo, tendo como fãs gente do porte de Neil Gaiman e J. Michael Straczynski, que trabalharam o herói para as décadas de 90 e 2000, respectivamente. É alegado que Mort Weisinger, o editor do Superman, odiou a contracultura hippie, e pensou que Simon estava retratando essa manifestação cultural com muita simpatia na série. Também pode não ter ajudado que na segunda edição, alguém fez a escolha de apresentar uma gangue de rua influenciada pelos nazistas. De acordo com Simon, uma terceira edição estava em desenvolvimento, mas foi cancelada pouco antes da obra final ser montada para a duplicação de impressão. Simon não discutiu o enredo da terceira edição, nem liberou nenhuma arte original, de modo que permanece uma questão perdida para o Irmão Poder até hoje.

BRObatmanAs edições em que o Irmão Poder apareceu “recentemente”, foram em Swamp Thing Annual #5, escrita por Neil Gaiman em 1990. Sua última aparição se deu na revista The Brave and The Bold #29, em que o Batman faz um team-up com o personagem. Essa história faz parte do arco que Straczynski e Jesus Saiz fizeram para a derradeira encarnação e derradeiros números da revista no ano de 2010. Mais recentemente, em Multiversidade, Grant Morrison incluiu o personagem como habitante da Terra-47, fazendo parte do Sindicato do Amor da Terra dos Sonhos, um lugar psicodélico com aspecto setentista. Todas essas histórias foram publicadas no Brasil.

O Irmão Poder era um personagem legal e interessante. Entretanto, para ser usado hoje em dia, somente voltando aos anos 70, pois ele é realmente a marca de uma geração e um fruto do seu tempo. Virou uma curiosidade nas páginas amareladas da história das histórias em quadrinhos de super-heróis.

por

Guilherme “Smee” Sfredo Miorando nasceu em Erechim em 1984. É Mestre em Memória Social e Bens Culturais, onde pesquisa quadrinhos e sexualidades. É especialista em Imagem Publicitária e bacharel em Publicidade e Propaganda. Ministra aula de quadrinhos e trabalha com design editorial e roteiros. Já trabalhou em museus e com venda de livros e publicidade. É pesquisador associado do Cult de Cultura e da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial). Faz parte do conselho editorial da Não Editora. Co-roteirizou o premiado curta-metragem Todos os Balões vão Para o Céu. Seu livro de contos Vemos as Coisas como Somos foi selecionado pelo IEL-RS em 2012. A partir de 2014, publicou ao menos um quadrinho independente por ano. Loja de Conveniências, sua primeira narrativa longa foi lançada em 2014. Em 2015 participou da coletânea de HQs LGBT Boys Love. Em 2017 colaborou com o quadrinho A Liga dos Pampas de Jader Corrêa, que explora mitos gauchescos. Também lançou Desastres Ambulantes em parceria com Romi Carlos, um quadrinhos sobre segunda guerra mundial e OVNIs, que foi selecionado pelo edital estadual PROAC/SP. Em 2017, publicou Abandonados Pelos Deuses: Sigrid, com Thiago Krening e Cristian Santos e também Fratura Exposta: REDUX com Jader Corrêa. Também escreve os roteiros para os super-heróis portoalegrenses Super Tinga & Abelha-Girl. Mantém o blog sobre quadrinhos splashpages.wordpress.com há mais de 10 anos.

4 comentários

  1. Alexandre Cavalcanti diz

    Complementando o post, em 1993 a Vertigo lançou uma série curta chamada Vertigo Visions.
    A primeira edição da série foi uma história fechada do personagem The Geek, escrita pela escritora trans Rachel Pollack e desenhada alucinadamente pelo Michael Allred.

    Curtir

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