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Inteligência Natural: Alex + Ada, de Jonathan Luna e Sarah Vaughn

Sem dúvida, a Image Comics vem trazendo os melhores quadrinhos dessa última safra. Alex + Ada, de Jonathan Luna e Sarah Vaughn é um desses representantes. Trata-se de um quadrinhos que fala sobre relacionamentos ao mesmo tempo em que explora os limites entre o humano e as inteligências artificiais. Segue agora uma pequena resenha deste trabalho:

Eu já havia lido alguns trabalho dos irmãos Jonathan e Joshua Luna. Girls, um quadrinhos sobre mulheres matadoras e alienígenas e nuas me deixou primeiro intrigado e no final decepcionado. E Ultra, um quadrinhos sobre uma super-heroína, me deixou apenas decepcionado. Não cheguei a ler Sword, o terceiro trabalho da dupla. Então, ao pegar Alex + Ada para ler, não fui com muita expectativa nem com muita esperança de que fosse um bom quadrinho. O que me atraiu para ele foi a temática: o relacionamento de uma robô com um carinha normal.

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ALAcapaAlex é um cara normal, que trabalha numa empresa, tem seu cotidiano, mas vive triste,pois terminou recentemente um relacionamento. Para animá-lo, sua avó que é cheia da grana lhe compra um andróide Prime X5, a quem Alex se recusa a ter a princípio, mas acaba ficando com ela e batizando-a com o nome de Ada. Se a intenção da avó de Alex era a de que ele se entretivesse sexualmente com a ginóide, da mesma forma que ela fazia com o andróide, Alex queria alguém para ser sua companhia e sua confidente.

Entretanto, Ada segue a sua programação: não tem gostos, não tem opiniões, não tem uma personalidade própria e faz tudo que o seu dono manda. Alex, decepcionado e preocupado com uma ginóide que foi massacrada durante um show de rock, começa a buscar alternativas para que Ada seja mais responsiva no fato de ter uma personalidade. Mas ele sabe que isso é contra as leis. Ele sabe que robôs sencientes provocaram, há dois anos atrás um genocídio em uma das suas fábrica e isso gerou uma fobia por andróides na população. Mesmo assim, algo em Ada tocou Alex e ele vai atrás de algo que a torne independente e senciente mesmo que isso signifique que ela vá deixá-lo.

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Esse é o mote do quadrinho. Diferente dos outros quadrinhos dos Luna, eu li esse e a todo instante achava “que quadrinhos sensacional”, “que ideia boa”, “ahá, isso pode ser explorado melhor futuramente na série” e assim fui indo, tanto que ao findar do Volume 1, eu queria ler bem mais. Esse assunto de inteligências artificiais que nos servirão no futuro – sim, a história se passa a alguns anos de agora – sempre me intrigou.

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A maneira humana e natural como seus autores questionam essa posição é bastante cativante. Os diálogos são bem construídos, mas principalmente o mundo futurista da história é muito interessante. Esse futuro não é algo exagerado como costumamos ver nos quadrinhos. Não é algo apocalíptico e nem utópico. É natural: casas como as de hoje e roupas parecidas com as de hoje. O que muda mesmo é a interação com a tecnologia que é muito mais intuitiva e wireless do que se poderia imaginar, como chips implantados no cérebro para comunicação à longa distância e telas de TV e computador que surgem a qualquer instante, em qualquer lugar e flutuam no ar.

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Os desenhos e as cores combinam bem com a naturalidade da HQ, que são leves e calmantes. Mas uma coisa que não curti nessa edição brasileira, editada pelo selo Geektopia da Editora Novo Século, foi o letramento. Parece que foi feito por um amador de um site de scan. Os balões não têm respiro, o que torna a leitura cansativa, mesmo com diálogos bons. Uma diminuída em alguns décimos na fonte e no entrelinha iria ajudar a deixar os balões mais harmônicos e todo o layout de página também.

De qualquer forma, recomendo adquirirem Alex + Ada. A série começou em 2013 nos Estados Unidos e concluiu em 2015 com 15 volumes. Foram, originalmente confeccionados três encadernados, logo, não é uma série que vá tomar muito do seu tempo, dinheiro e paciência. A editora brasileira lançou um booktrailer para a série que você pode conferir abaixo. Vão sem erro de encontrar uma história instigante e humana, que poderia ser muito bem exibida como uma série do Netflix ou como um filme de cinema.

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Guilherme “Smee” Sfredo Miorando nasceu em Erechim em 1984. É Mestre em Memória Social e Bens Culturais, onde pesquisa quadrinhos e sexualidades. É especialista em Imagem Publicitária e bacharel em Publicidade e Propaganda. Ministra aula de quadrinhos e trabalha com design editorial e roteiros. Já trabalhou em museus e com venda de livros e publicidade. É pesquisador associado do Cult de Cultura e da ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial). Faz parte do conselho editorial da Não Editora. Co-roteirizou o premiado curta-metragem Todos os Balões vão Para o Céu. Seu livro de contos Vemos as Coisas como Somos foi selecionado pelo IEL-RS em 2012. A partir de 2014, publicou ao menos um quadrinho independente por ano. Loja de Conveniências, sua primeira narrativa longa foi lançada em 2014. Em 2015 participou da coletânea de HQs LGBT Boys Love. Em 2017 colaborou com o quadrinho A Liga dos Pampas de Jader Corrêa, que explora mitos gauchescos. Também lançou Desastres Ambulantes em parceria com Romi Carlos, um quadrinhos sobre segunda guerra mundial e OVNIs, que foi selecionado pelo edital estadual PROAC/SP. Em 2017, publicou Abandonados Pelos Deuses: Sigrid, com Thiago Krening e Cristian Santos e também Fratura Exposta: REDUX com Jader Corrêa. Também escreve os roteiros para os super-heróis portoalegrenses Super Tinga & Abelha-Girl. Mantém o blog sobre quadrinhos splashpages.wordpress.com há mais de 10 anos.

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