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Love Is Love: Uma Coletânea de Quadrinhos em Honra às Vítimas do Massacre de Orlando

Era 12 de junho de 2016, eu estava com meus amigos gays comemorando o aniversário do cara que viria a ser meu namorado um pouco tempo depois em uma casa noturna alternativa. Cheguei em casa por umas sete da manhã e nos noticiários estava dando que um franco-atirador havia invadido uma boate gay de Orlando, nos Estados Unidos, matando 49 pessoas. O crime, como se provou depois, foi definido como crime de ódio. Uma vez que o atirador era homofóbico, mas, como na maior parte dos casos de homofobia, sentia atração por homens.

rco001_1484006846Foi um massacre bárbaro, um crime contra gays como nunca havia sido visto antes em nossa história recente. A chacina tomou as notícias internacionais. Aos poucos a opinião pública foi tentando conscientizar as pessoas dizendo que homofobia era errado. Mas, estamos em janeiro de 2017, e crimes como o cometido contra Itaberlly Lozano chocam a comunidade LGBT. O garoto foi morto pela própria mãe a facadas e o corpo foi escondido em um canavial e incendiado pelo padrasto. Ou seja, o ódio contra os gays não mudou nada desde o massacre na Pulse, em Orlando.

Incentivadas pelo quadrinista Marc Andreyko, que é gay assumido e escreveu muitas histórias da Batwoman, personagem lésbica da DC Comics, as editoras IDW Publishing e a DC Comics resolveram lançar uma antologia para ajudar as famílias das vítimas do massacre de Orlando. A coletânea foi organizada por Marc Andreyko e com a colaboração dos editores Sarah Gaydos, na IDW, e Jamie S. Rich, na DC Comics.

 

Marc Andreyko além de colaborar com quadrinhos é responsável pelo posfácio. Já o prefácio ficou a cargo da diretora oscarizada Patty Jenkins, que entre suas obras estão Monster e o vindouro filme da Mulher-Maravilha. As 140 páginas da antologia Love Is Love são preenchidas com textos, imagens, cartuns, e quadrinhos de uma a duas páginas apenas.

Entre alguns dos participantes destacam-se Jim Lee, Dan DiDio, Paul Dini, Joshua Hale Fialkov, Phil Jimenez, David Lopez, Carla Speed McNeil, Jeff Parker, Kaare Andrews, David LaFuente, Steve Pugh, Rob Williams, George Pérez, Grant Morrison, Mark Millar, Jason Aaron, Guillem March, Marc Guggenheim, Lilla Sturges, Scott Snyder, Tom King, Jock, Gail Simone, Jim Calafiore, Mike Carey, James Robinson, Paul Jenkins, Jonathan Hickman, Roberto Aguirre-Sacasa e Mark Buckingham, além de vários outros que não caberão aqui.

As histórias variam de relatos pessoais, histórias de amigos, o massacre pela visão das crianças, várias maneiras de encarar os vários tipos de amor, mas o mais legal de ter grandes editoras, com grandes propriedades editando uma material como esse, dando suporte aos direitos LGBT, é ver personagens icônicos dando a sua voz para a causa. Por exemplo, Jim Lee desenha os personagens de Harry Potter sobre uma frase do personagem Alvo Dumbledore, que é gay na história. Também o Spirit de Will Eisner aparece para dar suporte.

Claro que o personagem Kevin Keller, da turma do Archie, criado por Dan Parent e gay assumido, não podia faltar. Assim como a nova turma do Archie aparece em uma história da sua versão repaginada por Roberto Aguirre-Sacasa dando apoio a Kevin após o massacre da Pulse em Orlando. Vale lembrar que Riverdale, a série live-action baseada na turma do Archie estreará dia 27 de janeiro no canal CW e terá, sim, Kevin Keller como um dos personagens principais.

Mas o mais legal foi ver os personagens da DC – sejam eles gays ou não – mostrando as suas cores e a sua ajuda. Até mesmo o sisudo Batman, conversando com Asa Noturna, Dick Grayson faz uma comparação dos gays com os vigilantes de Gotham. Temos também Hera Venenosa e Arlequina em situações hilárias por Paul Dini e Jeff Parker, mas sem perder o respeito que o amor entre iguais merece.

A Mulher-Maravilha, Superman e a Legião dos Super-Heróis também dão as caras. Os personagens gays criados por Gail Simone em Aves de Rapina e em Sexteto Secreto também estão lá em uma história dela e de Jim Calafiore. Os heróis gays calcados em Batman e Superman, Apolo e Meia-Noite, também estrelam uma história. Artistas notoriamente gays como Phil Jimenez, P. Craig Russell e José Villarrubia também estão lá fazendo as suas declarações contra a violência e em prol da igualdade.

Mas o mais interessante foi a história de Dan DiDio, o chefão da DC, fazendo um apanhado de como os personagens gays eram retratados pela editora. Numa conversa de bar com Reneé Montoya e Maggie Sawyer, o personagem Extraño fala que hoje as coisas são mais fáceis, porque ele surgiu nos anos 80 e tinha tudo de que um estereótipo gay pede. Inclusive ele lutava contra um vampiro aidético. Então chega a Batwoman e pede para brindar aos novos tempos e todos se juntam a Apolo e Meia-Noite na pista de dança.

No fim, a mensagem que este compêndio encadernado de mais de 140 páginas quer passar é só uma: amor é amor, não importa que tipo de amor ele seja. E ele deve ser respeitado.

7 comentários

  1. Tinha me esquecido disso (vi a notícia que iam fazer há uns meses atrás) e mal posso esperar pra ler ♥♥ Lembro agora de que quando li a noticia eu fiquei tão feliz (porque sabemos que o meio superheroico pode ser bem machista e homofobico), tipo, o número de pessoas que isso pode atingir é imenso. Foi uma medida incrível, apenas, uma luz esperança dentro da realidade horrível que a sociedade pode proporcionar a quem não segue o padrão heteronormativo…

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    • Guilherme Smee diz

      Acho que não. Acho que é a representação da liberdade. Mas, acho que deixaram em aberto de propósito! =)

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