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Os 10 Piores Maridos dos Quadrinhos

Por alguma razão, alguém chegou até o Splash Pages procurando por uma lista de piores maridos dos quadrinhos. Depois de eu ter perguntado para amigos nas redes sociais, o que acham de fazer uma lista como essa, o resultado foi mais que positivo e muitos indicaram alguns maridos nada convencionais para figurarem nesta lista. Claro, como é uma lista “dos quadrinhos”, tentamos ir além dos super-heróis, talkei?! Não que esse tipo de quadrinho não revele e esconda muitos desses tipos que vemos em vários lares brasileiros, mas precisamos sair da nossa bolha um pouquinho, né? Faz bem, Dizem. Vamos lá para nossa lista de 10 Piores Maridos dos Quadrinhos!

Melhores Quadrinhos Americanos Que Li em 2018

Chegamos agora na lista de quadrinhos americanos que mais gostei de ler no ano que passou. Mas, peraí, o que são quadrinhos americanos pra ti, Guilherme? É bom eu explicar. Essa classificação de quadrinhos Americanos e/ou Estadunidenses, são quadrinhos feitos nos Estados Unidos que não são feitos nem pela Marvel e nem pela DC Comics e que também não são da linha Star Wars e nem do selo Vertigo. Eles não são Brasileiros, nem estrangeiros de outros países que não os Estados Unidos. Autores Canadenses e Ingleses que publicaram esses quadrinhos por editoras estadunidenses também são contabilizados nesta categoria. Explicado? Belezinha? Então vamos à nossa listinha de 15 HQs!

Melhores e Piores Leituras de Outubro de 2018

Olá mergulhadores! Vocês se lembram daquele videogame e daquele quadrinho em que o Superman usa seus poderes para estabelecer uma ditadura tirânica sobre o planeta Terra e o Batman e aliados tentam derrubar o déspota? Pois é, se lembrem dessa história. Querem saber o motivo? Hum… É que tem o review do volume final de Injustiça: Deuses Entre Nós esse mês (e o começo de outra leva de Injustiça… cof… cof…). Este mês temos 32 mini reviews para todos os gostos. De tirinhas a livros teóricos, de super-heróis a autobiografias em quadrinhos. Trinta e dois ao todo, quatro mais ou menos e cinco ruins, o resto tudo bão. Aproveite enquanto ainda podem ler minhas resenhas. Tomorrow never knows.

A Melhor Adaptação de Um Texto Literário Para História em Quadrinhos

Existem muitas adaptações literárias para os quadrinhos, principalmente no Brasil, onde aconteceu uma profusão desse material. As editoras de quadrinhos viram no PNBE uma mina de ouro para conseguir dinheiro através de adaptações literárias em quadrinhos. Assim, enormes atrocidades foram produzidas e, ao invés de valorizar publicações originais, pasteuriza-se mais do mesmo, apenas pelo dinheiro governamental. Por isso, para mim, adaptações literárias em quadrinhos eram sinônimo de baixa qualidade. Mas me enganei. Existem sim, adaptações de grande qualidade, que só adicionam à história e trabalham bem a linguagem dos quadrinhos. É o caso de Cidade de Vidro, uma adaptação em quadrinhos de Paul Karasik e David Mazzucchelli, de um conto de Paul Auster. Essa é, na minha opinião, a melhor adaptação de um texto literário para histórias em quadrinhos. Neste post você vai saber a razão.

A primeira vez que li Cidade de Vidro, foi emprestada de um amigo que é muito fã de Paul Auster e que, depois de eu ter lido a HQ, ele me emprestou o livro A Trilogia de Nova York, que é considerada a obra-prima de Paul Auster. Cidade de Vidro é o primeiro conto da Trilogia. Todos os contos lidam com identidade, criação (de si e da identidade por si mesmo ou por outros), metalinguagem e a própria linguagem. Paul Auster não é um autor fácil de ser lido, por isso, também não é um autor fácil de ser adaptado para uma mídia que lida com o visual, seja ela qual for. Por isso, uma tarefa hercúlea como essa não poderia cair nas mãos de novatos fazendo adaptações simplórias para uma editora ganhar dinheiro.

Os artífices de Cidade de Vidro, Paul Karasik e David Mazzucchelli conhecem profundamente o potencial da linguagem dos quadrinhos. Mazzucchelli é grande conhecido dos leitores de quadrinhos por suas associações com Frank Miller em Demolidor: A Queda de Murdock e Batman: Ano Um. Ele também é responsável pela prodigiosa feitura de Asterios Polyp, uma graphic novel que faz uma bela utilização e homenagem à todos os recursos disponíveis na linguagem dos quadrinhos. Já Karasik vem do estudo dos quadrinhos, onde passou as décadas de 80 e 90 na academia. Nos anos 2000, ele produziu alguns quadrinhos inéditos no Brasil com teor autobiográfico.

De longe a adaptação de Cidade de Vidro é que mais usa e abusa dos recursos gráficos e narrativos de uma história em quadrinhos para ampliar o sentido da leitura de uma escrita literária. As partes onde David Quinn/Paul Auster percorre os quarteirões de Nova York atrás de um sentido nas perambulações do homem que investiga, além de darem um sentido maior para os rabiscos apresentados no livro original (que é bastante ilustrado), também os mesclam com outros ícones simbólicos como uma digital e um labirinto, os dois aludindo a identidade.

A busca pela identidade e a liberdade que ela provoca é a base desta história e, portanto um quadrinho em que é trabalhado um grid de nove quadros dentro de uma dimensão relativamente pequena para eles, também acaba gerando a sensação de sufocamento no leitor. Essa mesma sensação que os Peters Stillman e o detetive David Quinn/Paul Auster sentem. Essa permissão alegórica que Mazzucchelli se dá, para interpretar as passagens do conto com símbolos, ícones, metáforas visuais e outras alusões, ajudam a interpretar o quadrinho de outra forma e também a adicionar outras camadas de sentido na leitura do conto a partir dos quadrinhos, não um simples desenho da descrição do escritor. Claro, o texto de Auster também é um texto que permite o leitor “se perder” em alusões e significados.

De longe também, toda a Trilogia de Nova York, obra-prima de Paul Auster, não são narrativas de fácil transcrição para a linguagem gráfica, então essa é outra razão para reverenciar o trabalho de Karasik e Mazzucchelli com Cidade de Vidro, principalmente a iconicidade e a metalinguagem da história. Por várias vezes, dentro dos textos dos trabalhos de Trilogia de Nova York, Auster faz malabarismos com a linguagem escrita. Nada mais justo que esses malabarismos fossem trazidos para o visual, para a linguagem visual e a linguagem própria dos quadrinhos quando adaptada para uma linguagem sequencial. Linda Hutcheon, em seu livro A Teoria da Adaptação explicou essa articulação da seguinte forma:

“Quando Paul Karasik e David Mazzucchelli adaptaram uma novela de Paul Auster, que era complexa tanto verbal quanto narrativamente, A Cidade de Vidro (1985) em uma graphic novel (2004), eles tiveram de traduzir a história naquilo que Art Spiegelman chama de “a ur-linguagem dos quadrinhos”- “um restrito e regular grid de painéis” com “o grid como uma janela, uma porta de cela, uma quadra da cidade, um jogo de amarelinha; o grid como um metrônomo dando a medida das mudanças e ajustes da narrativa”. Como todas convenções formais, o grid proíbe e permite; ele ao mesmo tempo limita e abre possibilidades”. (HUTCHEON, 2006, p. 35)

Existe um tema caro em Cidade de Vidro, mas que permeia toda a obra de Auster e, por que não, a de Mazzucchelli e Karasik também, que é o tema da autoria. Mas nesse caso, a palavra autoria assume um sentido bem maior. Ela dá conta de paternidade e de criação. Afinal, a obsessão dos Peters Stillman tinham a ver com isso. O pai Stillman era obcecado com Deus, o pai de todos e o filho Stillman, com o pai, que o manteve enclausurado por oito anos para comprovar um experimento. Na verdade, Cidade de Vidro nos faz uma pergunta: “Quem somos sem nossos criadores?”. E isso vale para o ficcional como para o real. Até onde nossa identidade é construída por aqueles que nos veem e nos encaminham – ou não – e até onde ela é nossa mesmo? Até onde as histórias que contamos sobre nós mesmos e sobre os outros influenciam naquilo que somos, na nossa identidade? Para isso, Auster tem uma citação, em outro conto da Trilogia, que diz o seguinte:

“Todos queremos ouvir histórias e as ouvimos do mesmo modo que fazíamos quando éramos pequenos. Imaginamos a história verdadeira por dentro das palavras e, para fazê-lo, tomamos o lugar do personagem da história, fingindo que podemos compreendê-lo porque compreendemos a nós mesmos. Isso é um embuste. Existimos para nós mesmos, talvez, e às vezes chegamos até a ter um vislumbre de quem somos realmente, mas no final nunca conseguimos ter certeza e, à medida que nossas vidas se desenrolam, tornamo-nos cada vez mais opacos para nós mesmos, cada vez mais conscientes de nossa própria incoerência. Ninguém pode cruzar a fronteira que separa uma pessoa da outra – pela simples razão de que ninguém pode ter acesso a si mesmo”. (AUSTER, 2008, p. 132)
Em Cidade de Vidro, o escritor David Quinn toma o nome Paul Auster daquele que ele acredita ser um detetive, mas ele é só mais outro escritor. Temos aqui um roubo de identidade e, ao final da história, Quinn já não sabe mais quem ele é. Como Auster diz, precisamos do outro para saber quem somos nós mesmos. Não temos acesso a nós mesmos para definir nossas fronteiras de “ser”. Precisamos do outro para saber onde acaba o eu e onde começa o tu. Ao mesmo tempo em que o leitor borra essas fronteiras ao se tornar o personagem, o autor borra as mesmas ao se tornar o personagem. Então o leitor é um pouco do autor.

Logo, se o leitor é um pouco do autor ao tomar o lugar do personagem, os autores de uma adaptação tomam o lugar do autor original, ao pegar a sua criação para adaptação. É como se o pai adotivo encaminhasse a criança do pai biológico e a transformasse em uma outra coisa que seria se estivesse ao lado do original. Esse é apenas parte de um dos aspectos metalinguísticos dessa adaptação e desse conto que, se parássemos para analisar todos esses aspectos, esse texto se tornaria longo demais. Mas vale adicionar a metáfora do vidro, da tal cidade de vidro. Ele é transparente e podemos ver um ao outro através dele, mas ainda é uma barreira que impede e deforma nossa visão dependendo da nossa perspectiva. Talvez nossa identidade seja isso: uma camada de vidro que nos separa dos outros, ao mesmo tempo nos faz ser vistos e permite uma “reflexão” que faz com que nos assemelhamos aos demais.

É uma pena essa HQ estar fora de catálogo há muito tempo, desde que foi lançada pela primeira e única vez em maio de 1998 pela Via Lettera. Uma pena também que a edição que eu compre no sebo, para minha segunda leitura, continha várias duplas de páginas em branco, já que o valor investido nela não foi pouco. Fica um apelo às boas editoras para trazerem novamente esse incrível material para o Brasil.

Por Que Os Balões de Pensamento Foram Praticamente Extintos?

Se você pegar uma revista em quadrinhos nas bancas ou nas livrarias que sejam de pelo menos dez anos atrás de lançamento vai perceber que os balões de pensamento estão praticamente ausentes dessas publicações. Principalmente nas revistas mainstream de super-heróis. Na revistas infantis, eles continuam, de certa forma, mais comuns. Mas o que foi que fez o pensamento desaparecer praticamente dos quadrinho que lemos e que mecanismos se colocaram no lugar dele? É o que vamos saber neste artigo.

Seleção de Quadrinhos!!!

Quadrinhos Para Quem Não Curte Quadrinhos

Vem chegando o Natal! Vamos presentear com quadrinhos? Aqui vão algumas sugestões. Você é fã de quadrinhos e não entende como as pessoas podem não gostar do que você gosta. Você não é fã de quadrinhos, mas gostaria de ser, só que é tudo tão complicado e difícil. Você até gosta das séries e dos filmes, mas sei lá… Talvez aqui tenha a solução para os seus problemas, como aprendemos na faculdade é uma questão de adequação, ou é o segredo dos gays: “introduzir devagarzinho”. Aos poucos, as pessoas vão entendendo que quadrinhos é um meio riquíssimo e que existem histórias para todo o tipo de pessoas, assim como os romances literários, basta entender o seu tipo e quando vir, já vai entender tudo sobre quadrinhos. Separei 10 quadrinhos para 10 tipos diferentes de pessoas. Vamos lá? SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO Para quem: fãs de videogame O que é: Scott Pilgrim Contra o Mundo é um quadrinho que usa a linguagem do videogame para contar a história de… Scott Pilgrim, que se apaixona pela …

A Paralisia da Leitura e da Escrita e a Resenha das Pessoas

Ou por que nos sentimos intimidados para ler e escrever sobre as grandes obras? Como isso está atrelado aos relacionamentos? Sempre deixo para depois para ler as grandes obras de quadrinhos. Building Stories e Wednesday Comics ainda estão aguardando ali na minha estante para quem sabe, um dia serem lidas. É que para mim, tem de se criar um momento todo especial para se ler uma coisa também tão especial e tão bem criticada. É como aquela pessoa que você tem como sonho de consumo e que quer preparar um momento especial para vocês dois. Você arruma a casa, o quarto, se perfuma, coloca a sua melhor roupa íntima e vai. Com a leitura é o mesmo. Precisa ser num final de semana, que você tenha tempo para apreciar a obra com calma, sentado ou deitado confortavelmente, com uma boa bebida ao lado. A bebida pode depender do clima e da disposição psicotrópica do tipo de leitura. Mas intimidação é algo como um tipo de ansiedade e também é algo como um tipo de expectativa …

Biografia Irreal: Dora, de Ignacio Minaverry

Não muito diferente das biografias e autobiografias em quadrinhos, em Dora, de Ignacio Minaverry, temos a impressão de nos deparar com um personagem que realmente existiu, embora sua história seja inteiramente ficcionalizada. Dora é a personagem principal da história em quadrinhos argentina homônima. O álbum faz parte da Coleção Fierro, lançada pela Zarabatana Books, trazendo as séries completas publicadas na revista Fierro original da terra dos portenhos. Dora é uma espiã e sua história viaja por países como a Argentina, a Argélia, a França e a Alemanha, participando de importantes movimentos sociais da história destas nações. Como uma história de espionagem, ela bebe em fontes pré e pós 007, com direito a traquitanas de escuta, gravação e transmissão de informações. Em certa parte da HQ Dora declara que a espionagem é algo “como caçar fantasmas com uma rede para borboletas”. Essas imagens textuais não ficam apenas nas combinações de figuras e diálogo. Há força quando temos apenas texto aparentemente fora da história – em placas, sinais, pichações, publicidade, documentos, todos desenvolvidos com apuro histórico –, …

As 20 Melhores HQs que li em 2012

Bom, a proposta é mesmo essa aí. Listar as 20 melhores histórias em quadrinhos que eu li em 2012, na minha humilde e particular opinião. Não constam só HQs que foram lançadas em 2012, mas aquelas que tive acesso neste ano que passou. Em 2008 fiz uma coisa parecida, mas escolhi somente 10. Neste ano como tive mais de 120 leituras entre livros de ficção, não-ficção, graphic novels e encadernados, sem contar gibis mensais e minisséries resolvi colocar mais. E não pense que foi um ano improdutivo por causa das muitas leituras. Trabalhei muito este ano, fiz cursos, escrevi pra valer, lancei um livro e houveram prêmios. Claro que houveram maus momentos, como a doença e morte da minha avó, mas no saldo geral foi um ano bem produtivo. Um dos mais. Mas vamos ao que importa: a lista. Ela não segue nenhuma ordem de importância, apenas alfabética. A Chegada, Shaun Tan Uma HQ sem palavras pode dizer muita coisa? A Chegada é uma prova disso e além: cria um universo totalmente diferente, mas não …

Asterios Polyp, David Mazzucchelli (Citações)

Seguem algumas citações retiradas de Asterios Polyp, de David Mazzucchelli: “E se a realidade (como a percebemos) fosse uma mera extensão do self? Isso não influenciaria o modo com que cada individuo vivencia o mundo? (Sendo alguém que não existe tenho direito a fazer estas perguntas) Talvez isso explique por que algumas pessoas parecem se relacionar sem esforço algum, enquanto outras não se entendem. Ainda que as pessoas continuem tentando”. – Ignazio “Aristófanes, no banquete de Platão, sugere que a forma humana nem sempre foi como é hoje: originalmente os humanos eram esféricos, tinham quatro braços, quatro pernas e um rosto em cada lado de uma única cabeça. (Em termos evolucionários, é difícil entender a vantagem de tal construção). Tamanha era sua arrogância que ousaram desafiar os próprios deuses. Zeus, em sua sabedoria, dividiu os arrivistas em dois. Cada lado se tornou uma entidade distinta. (Platão deixa claro seu parecer sobre essa teoria fazendo com que Sócrates a descarte sem alarde). Desde então, homens e mulheres corrrem esbaforidos atrás de suas metades perdidas, em pânico, …